segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ENTREVISTA DE MARTIN REES NO PÚBLICO


Extracto da entrevista da jornalista Teresa Firmino ao Astrónomo Real Britânico Martin Rees:

TF- O que pensa então do Acordo de Paris? E de Trump querer que os EUA saiam desse acordo?

MR- Penso que a atitude de Trump não faz assim muita diferença. O governador Brown na Califórnia e alguns mayors das grandes cidades apoiam formas de reduzir as emissões de CO2. O Acordo de Paris foi um grande feito: toda a gente prometeu fazer alguma coisa, não quer dizer que façam, mas prometeram. O acordo não tem metas, mas os países declaram o que querem reduzir nas emissões e daqui a cinco anos reúnem-se e revêem isso. É importante manter a dinâmica. Aliás, penso que um desenvolvimento que levou a esse consenso foi a encíclica do Papa [Francisco] em 2015 [intitulada Sobre o Cuidado da Casa Comum], onde disse que tínhamos o dever de defender o ambiente. Foi a primeira declaração clara de um Papa de que os seres humanos têm o dever de preservar o ambiente; de que a natureza tem valor por direito próprio e que devemos preservar o resto da criação tão bem como os seres humanos. Sou um dos conselheiros da Pontifícia Academia das Ciências. Em 2014, tivemos reuniões científicas [sobre o clima e o ambiente], onde estavam funcionários do Papa, e que lançaram algumas das bases científicas quando o Vaticano começou a preparar esta encíclica. O documento é muito bom e eficaz. Teve muita influência na América latina, em África e no Leste da Ásia, onde a Igreja Católica tem os seus milhares de milhões de seguidores, e tornou mais fácil o consenso em Paris. Isto leva-me a pensar que, geralmente, as religiões no mundo podem de facto ter um efeito positivo nestas questões. Independentemente do que pensemos sobre a Igreja Católica, e eu não sou crente, ela tem um alcance global, pensa a longo prazo e quer saber dos pobres no mundo. É por isso que pode ser eficaz. Os políticos normalmente centram-se no curto prazo e em questões locais. Se as religiões conseguem que os seus seguidores pensem sobre o ambiente e o clima, então terão um bom efeito. Além das armas nuclear.

https://www.publico.pt/2018/01/15/ciencia/entrevista/martin-rees-sou-um-optimista-tecnologico-mas-um-pessimista-politico-1799138


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